terça-feira, 21 de março de 2017

O POETA

COMEMORA-SE, HOJE, 21 DE MARÇO, O DIA MUNDIAL DA POESIA! EIS A MINHA PARTICIPAÇÃO!


O poeta gera e pare sonhos e fantasias, conta histórias
e vive memórias, incrível, que nem dele são
que se farão imaginação, demência ou verdade
vivendo dores pungentes e prantos alheios
trazendo, ao de cima, neste enleio e neste meio
um amor martírio, muita desilusão e mais as saudades.
 
E como se isso não bastasse, como se não fosse pouco
busca, indomável, nos sonhos dele, um rosto
que jamais encontrará, mas, só ele não vê isso
porque tem um pouco, um muito de louco
continuando, afincadamente, buscando, procurando
o que nunca perdeu, e que, paradoxalmente, não é seu.

Encontra o fim do arco-íris e junta-lhe ainda mais cores
achando tesouros de piratas e chaves de baús
que dá aos corações desafortunados e desalojados
descurando o dele, que do mesmo mal sofre
mas os sonhos, que trilha, mais vastos que a morte
oferecem-lhe horizontes irresistíveis, que o fazem delirar.

O poeta não possui calendário, passado, presente, futuro
nem relógios que o compreendam ou aceitem
que o façam parar ou avançar. O tempo é casmurro
porém, ele vive em muitas épocas e lugares
e em tantos cantadores e trovadores, mas em tantos
que entoam e tocam versos a mais, ao som de liras irreais.

Dão festas mentais, repletas de sensualidade e erotismo
e em cada momento que faz nascer poesia
o poeta renasce e perde a alma para ser de outro
antes, de muitas almas penadas e cansadas
que se vão perdendo numa boca surda e carnuda
e nuns lábios de mosto, ali à mão de semear, fogo posto.

Perde-se olhando uns olhos pacatos, arrasadores, de gato
acha-se com aquele marialva de viela e ruela
que fugiu da legítima, para uma saborosa escapadela
no quarto mais reles, que já excitado encontrou
onde o poeta tem tantos rostos, gostos, contragostos
que se pararmos, para lhe escutarmos o peito
ouviremos trombetas e clarins, entoando, exaltando
de batida diferente, insensata, descoordenada e incoerente.

Tanto novo, quanto velho, o poeta é eterno, nunca fenece
e nos anos e séculos que se seguem, é gente
que vos pede, encarecido, que não desconfieis dele
porque pode engendrar e criar mil e um versos
arrebatadores, acerca de histórias de bizarros amores
que caso não pareça que é ele, ele é aquilo que não parece.

Porém, se ele parecer insensato, inominável, algo abstrato
não o culpem dos desenganos e desencantos
dos planos, por água abaixo, destronados, arrasados
porque a culpa é dos desencontros, que gritam
dos olhos desiludidos, exaustos, desbotados, perdidos
que guardam as desventuras dos poetas, que nele habitam.


CÉU


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