sábado, 17 de outubro de 2015

VEM CÁ, AMOR!

Vem cá, amor! Vamos conversar, concordar e discordar!
Sabias que a paixão é o conteúdo essencial
de qualquer raça, credo e coração sem condição?
Paixão é o que enaltece e guia os meus versos
junta a alma e o corpo, a vulva e o pénis, naturalmente
e ninguém ousará dizer que será breve, imatura, de ocasião.

Só o dirá quem nunca sentiu o peito, o físico a alterar-se
o ecoar dos suspiros e gemidos, vivos, sentidos
de um orgasmo normal, não pensado nem estudado
quando o meu corpo diluído no teu se faz corpo
regressando à teoria das espécies e à lógica dos seres
matéria em que não estamos elucidados, nem interessados.

É um que, em simetria e milimetricamente, se faz em dois
são dois, que inteligentemente se fazem em um 
em forma de doação, entrega e penetração na cama 
na longitude onde termina o quarto, aparato 
onde a nossa força, a vontade e ilhargas
nos conduzem a este "assento etéreo" inigualável
ao delicioso toque das cítaras do clítoris, tão esquecido
onde tudo se transfigura, como se de fenómeno se tratasse.

É nesse pequenino órgão, e no tatear íntimo e consentido
vulcão, sismo, réplicas, onde tudo se concentra
que o estame em riste, já descontrolado, não resiste
rompendo sóis reluzentes por desbravar e virgens luares
que de tão brilhantes, os não suportaríamos
mas banhada, inundada de luz, a cópula segue, prossegue
e nunca para, espraiando-se e alastrando, de tal modo
que além de mim, de ti, de nós e até da própria vida
ela torna-se alimento quando sexo e amor estão acontecendo.

E é nesta "dor que desatina sem doer", neste gozo do sofrer
que os vocábulos perdem o tom e até o som
menos que isso, murmúrios impercetíveis, sussurros
onde num só espasmo, atinge-se o orgasmo
dando-se nesse exato instante, o alívio do sentimento
esquecendo ambos o espaço e o tempo, em total alheamento.

Lembras-te, ainda, quantas vezes  morremos um no outro?
Sempre primeiramente tu, eu depois, sem fingir
temperando a humidade subterrânea da minha vagina
nessa morte mais leve que o sono, nesse confluir
em que os sentidos estão parados e bem aconchegados
instalando-se, finalmente, a nossa paz e a dos anjos
que estenderam os nossos corpos na cama, petrificados
estátuas de pedra rija e mel, encharcadas em suor
observando e pensando, em como um mortal
se pode transformar num deus louvor, e tudo isto por amor.

Diz-me, amor, se depois de tudo o que entre nós aconteceu
julgas ser possível mudar ou desejar outro corpo? 
Não consegues dizer nada, mas nem precisas responder
pois já sabia que te tinha na mão e que eras meu.
Não vamos cogitar, saber as razões e tirar conclusões
que estão visíveis, estampadas nos nossos rostos
tão diferentes, mas tão enamorados, irremediavelmente
que temos algo indescritível para executar, como recomeçar.


CÉU

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